O meu perfume
vai ficar na sua pele
e você vai sentir meu cheiro
e vai me sentir tão perto
e se cerrar os olhos
vai me ver, por certo.
E vai roçar a língua
no céu da sua boca,
arrepiando os pelos,
vai imaginar meu gosto.
E ao tocar seu corpo
vai sentir meu tato
a percorrer seu posso
de desejos quase inatos.
E vai roer as unhas
e vai morder os lábios
e entreabrir a boca
para não falar mais nada.
E quando amanhecer os olhos
vai se esquecer do rumo,
porque naquele minuto
dançou sozinha todo o passo.
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
nº10
Eu,
enporquesado,
sentado
em uma mesmo esquina:
mais pareço
uma estátua
de Rodin,
um pouco menos pensante.
Os carros passam,
o tempo passa,
tudo passa, afinal,
me ultrapassa
e me deixa cá
só
com a graça
de um riso
que acabo de me lembrar.
enporquesado,
sentado
em uma mesmo esquina:
mais pareço
uma estátua
de Rodin,
um pouco menos pensante.
Os carros passam,
o tempo passa,
tudo passa, afinal,
me ultrapassa
e me deixa cá
só
com a graça
de um riso
que acabo de me lembrar.
terça-feira, 2 de novembro de 2010
Dia dos mortos
O dia dos mortos
é sempre
cinza-lembrança,
como a chuva
que molha as flores
deixadas à morte.
Aquela beleza
vaidosa vai murchando
mesmo que a chuva
tente com presteza
dar-lhe vida.
Mas no dia dos mortos
a chuva é salobra.
A chuva é infértil.
Eu visito
os túmulos onde jazem
meus pensamentos.
Dou-lhes a presteza
da minha chuva,
a beleza das minhas
flores murchas,
mas todo pensamento
é só vivo
quando o relembramos
já morto.
E olhando-os jazer
não sei porque choro,
se pra molhar o passado,
ou se pra me ressequir do futuro.
Visito o túmulo glamuroso
do passado inglório.
Já morto, mas tão mais vivo,
que este pretenso a morto.
Visito - no dia dos mortos -
o túmulo onde jaz a vida.
Não sei porque, mas choro.
Talvez por estar vivo
no dia e na terra
dos mortos,
que nas lembranças
na chuva,
no cinza,
no solo infértil,
na flor murcha,
vivem.
é sempre
cinza-lembrança,
como a chuva
que molha as flores
deixadas à morte.
Aquela beleza
vaidosa vai murchando
mesmo que a chuva
tente com presteza
dar-lhe vida.
Mas no dia dos mortos
a chuva é salobra.
A chuva é infértil.
Eu visito
os túmulos onde jazem
meus pensamentos.
Dou-lhes a presteza
da minha chuva,
a beleza das minhas
flores murchas,
mas todo pensamento
é só vivo
quando o relembramos
já morto.
E olhando-os jazer
não sei porque choro,
se pra molhar o passado,
ou se pra me ressequir do futuro.
Visito o túmulo glamuroso
do passado inglório.
Já morto, mas tão mais vivo,
que este pretenso a morto.
Visito - no dia dos mortos -
o túmulo onde jaz a vida.
Não sei porque, mas choro.
Talvez por estar vivo
no dia e na terra
dos mortos,
que nas lembranças
na chuva,
no cinza,
no solo infértil,
na flor murcha,
vivem.
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