quarta-feira, 7 de abril de 2010

Fumo

Dá-me este cigarro - eis o que trago:
Horas findas no peito - eis que enterradas;
E na alma - pelas horas amargada -
Cravadas as feras de ignoto brado.

Quanto de vida há neste vil trago?
Vês? - São minhas quimeras enterradas!
Ébrio Cogito - loucura amargada.
Quanto de eco há neste meu nu brado?

Tal qual sombra fosse em minha'lma gélida,
Acovardo-me em ver esta batalha:
Degladiam Quimeras e Filósofos.

É vil navalha que faço caminho;
Insana é esta razão de poeta.
Gritas - e tudo o que fica é o eco.

Um comentário:

Thiago disse...

Ah, Pedro, disse que iria ler pela segunda vez para dizer se gostei ou não, mas me perdi. Devo estar lendo pela décima vez, e te juro que a cada estrofe, descubro e sinto algo novo.
Te ler, como sempre é fantástico, faço isso com fascínio.
Só me pergunto de onde vem tantas interrogações, em que lugar se esconde esta insana razão de poeta.
Qual o seu segredo, filósofo?