segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Shh!

Shh!
Silêncio...
Escuta calar a cidade.
Este silêncio que soa saudade
e de que não se sabe de quê.
O silêncio do ronco
de motores,
de sonos mal dormidos;
quiçá poder ouvir as flores
germinar nos asfaltos comidos
pelo tempo
que tudo, absolutamente tudo, de-
vora.
Inclusive o Silêncio,
este murmúrio imenso
de velhinhas a cochixar;
quiçá poder escutar
o que só se escuta
nos estetoscópios.

SHH!
Silêncio, já pedi!
Escuta calar a cidade,
este silêncio que soa saudade;
vai saber de quê!
Se aqui (o) nada me falta,
se neste turbilhão,
o silêncio sobressalta;
quiçá escutar a alma,
que rasga o rosto calma
e morre barulhenta na lama.

SHH!
Silêncio!
Escuta cair essa lágrima,
que tem muito a dizer.
Escuta o silêncio barulhento da cidade;
encrustada saudade
no coração,
no concreto dos prédios,
tão sólido,
tão sólido,
que soa

Solidão.

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