Que me fitem esses olhos miúdos
de espanto, admiração, impaciência ou sandice.
A janela que não me revela nada,
senão os vultos da paisagem,
é ainda mais secreta, indiscreta.
Belas são essas janelas
que não se permitem espiar.
Mas que me espie ela,
que me envolva nessa cortina suave,
que me roça a pele de leve;
que me diga sim e não
com a mesma boca
que beija e recusa
que fala e cala
que abre e fecha
como a janela
da mais doce alma,
que revelando-se
não se entrega
e
se entregando
não me revela.
Mas sei - sei sim
é doce e vale gastar a pena,
como quem abre a própria janela
para mostrar que não é cena:
Amo confesso,
me debruçar nesta janela
que nada, em absoluto,
me revela.
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