sábado, 7 de agosto de 2010

Avesso ( primeira versão)

Quê de sentido - nem mesmo isso
faz a vida, assim: equilibrada,
engomada, maquilada, enfeitada...
como se fosse sair por aí.

Estática ferina de máquina
enguiçada, a meter nos homens
a tranquilidade da deriva continental.
Enjoo em mim é o que causa.

Tranquilidade à meter castidade
em macacos sem rabo, sem pele, sem faro.
A meter goela abaixo café amargo,
disfarçando o gosto da comida.

Santa e cruel tranquilidade,
Vire ao avesso meu espírito,
E que não seja mais avesso
o lado que de mim não se vê!

-Eu sou, mas não quero ser
vida esta engomadinha-
Em tanto esquivar do soco(da vida)
Descobri que em escapar, só
se dá a cara a outro golpe.

Vem a galope - este,
ainda mais sedento em te sangrar,
atingir-te e planar a face
e curar tuas cicatrizes
(deixe-as onde estão!)

Santo e cruel marasmo ferino!

Seja pois minha chaga- poema!
A fazer os olhos que em mim
tropeçam, se enojarem, como
minha alma enoja em não
ver chagas nas feituras das almas.

Uma flor de pétala amarela,
falsamente rubra de sangue,
mas sincera em exalar perfume
da decomposição que a fez brotar.

Ando com os vidros abertos
( e o ar ligado)
a torcer baixo para ser assaltado
e ter olhos animais me encarando
e de mim desejando algo!

Hei de ficar sozinho, ou mal acompanhado,
pois as boas companhias não me levaram a nada,
senão querê-las ainda mais,
e sê-las cada vez mais!

Sou cada vez mais, cada vez menos:
as roupas que visto,
a montblanc com que rabisco
(um papel barato)
Sou um chinelo com tiras de couro
sujas de terra.
Sou o avesso disso!

Sou meus músculos fadigados,
os livros que me leram.
O mosquito que leva meu sangue
ao corpo de um defunto!

Eu sou essa compulsividade visceral
de arreganhar minha imagem
(este do espelho não sou eu!)
e vira(´)-la(ta) ao avesso!
Eu sou, eu sou deveras, meu avesso!

Um comentário:

Rosekreis disse...

Observe os pontos e virgulas
Foi de proposito!!
Se sim eu gostei ^-^