Essa vontade coletiva de chorar
um choro que não vem.
Um choro que não existe,
mas que dá vontade de ser derramado;
que derrame na sequidão
das nossas relações que
distam oceanicamente
cada singular alma humana,
concentrando-as
corregamente a um
mesmo princípio,
que rege uma lei cruel
de animais que se negam
quanto podem para
esquecerem que não passam
de animais.
Querem ser eternos
como os deuses
que inventam.
Sedam-se em alimentar
arquétipos que no fundo sabem
serem impossíveis de alcançar.
Tolos eles, tolo eu;
e por sermos todos tolos,
enxergamo-nos tão sábios,
que inclusive os verdadeiros sábios
acabam vendo-se tolos.
Que vontade estou de chorar,
mas meu gotejar salgado
tem o mesmo gosto dos dicionários.
É frio, sem alma. Só água e sal em significado literal.
E mesmo que eu pudesse comer
todos estes homens e mulheres,
de alma nenhuma me nutriria.
Essa estranha vontade de chorar
não cabe mais nesse mundo,
não cabe neste mundo
sequer a alma de um poeta.
Esta vontade de chorar
é estranhamente
todos esses sorrisos
que se somam na alegria
aparente das ondas
escondendo turbilhões nas zonas absais.
Meu corpo afundava então nas águas
a buscar...
preencher-se visceralmente
e literalmente
de um coração.
Chorava no caminho, mas ninguém via.
Água e sal que se confundiu
com a água do mar.
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