domingo, 1 de agosto de 2010

Poeterra

Desnudos, sonho e dorso, em simbiose
Com a terra infértil que tudo jaz.
Tentando de silêncio ensurdecer
Para ouvir as miudezas da vida,

Que de pressa se faz sem vista ida:
Pó e terra - da palavra dita agora
Que repousa -neste verso- no outrora.

A sequidão da vida aqui passada,
Fazendo brotar a grama que deito
Sinto- me devorado ainda vivo,
Confundindo-me com a terra quente.

Eu sou esta palavra em carne viva,
Ferida aberta que a terra consome,
Sibilando uma palavra da chama
Última: Poeterra és - antes do sono
- profundo.

Augusto Ramos

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