domingo, 8 de agosto de 2010

Pai,

A palavra mais gentil,
o verso de melhor feitio,
será ainda menos
bonito
que o mistério
que nosso laço
oculta;
é sangue,boca,
olhos, pele,
caráter,
coração,
nosso laço é
este homem que me tornei;
e o mesmo tempo
que fez-me homem,
fez-te um pouco criança.
Trocamos não só
abraços, presentes, confiança,
mas nos doamos
um ao outro.
Há mais que teu sangue em mim.
Há um pouco dos teus cabelos
brancos a me meter experiência;
um pouco dos teus calos,
a me por garra frente as chagas
que a vida me inflinge.
E quanto te doei -
senão estes cabelos brancos
de preocupação e
estes calos,
que me mataram a fome?
Quanto te doei,
senão ainda pouco fronte
ao teu incansável amor,
ainda que por ventura
eu me esquecesse
- a minha pequenez e
minha falta de cabelos brancos
ainda me submetem a
desentendimentos que
revivo todos os dias.
Hei de um dia entender,
quem sabe? -
Foste tu o herói
de meu imaginário,
impenetrável fortaleza
que sempre, prontamente,
atendia: ''papai''.
Hoje - pai,
és este homem
de semblante cansado,
mas sei, de amor incansável.
Pouco menos Super-herói,
mas não menos agigantado.
Deixou de ser o herói
do meu imaginário,
para ser o homem
que eternamente - ouvira?
- eternamente
almejarei ser.

Feliz dia dos Pais, pai.

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